Monday, February 25, 2008

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Somos de uma geração carente, que tenta sofregamente se relacionar em frente a frias máquinas. Estamos presos em cubículos de concreto e assistimos ao mundo pelo buraco da fechadura - ao “click” do botão, tentamos selecionar o que ver.
Se antes a indústria cultural industrializou e normatizou toda forma de “arte” e “pensamento”, hoje a comunicação digital reduz a relação ao mais falso contato. A necessidade da presença do outro está sendo suprida celeremente por simulacros: meras imagens, sons e palavras. Que uma certa "diminuição das distâncias" realizada por esses meios não seja negada, mas não nos esqueçamos que com ela vem seu desdouro: a acomodação com a distância, e daí, mais frieza. Pensando nas palavras de Adorno de que “todo prazer é social”, é justamente todo prazer que estamos sacrificando. O objetivo dos computadores era de trabalhar para os homens, para que estes pudessem ter mais prazeres. No entanto, o que vemos hoje é que o computador tem se “relacionado” pelo homem para que este possa trabalhar mais. O espírito do homem se torna cada vez mais frio, pois o calor do verdadeiro encontro é infrequente.
Aos amigos e conhecidos que puderam viver alguns anos longe das malhas da “rede” não se esqueçam de que há uma verdadeira vida e que ela ainda pode ser reencontrada.

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